segunda-feira, 14 de março de 2011

Poema - Dia-a-dia


dia-a-dia
aprofundo o mergulho
aumento o fôlego
e abro os olhos

dia-a-dia
flutuo com a beleza
de cores e sons que atingem em cheio
coração e alma

dia-a-dia
faço submergir assim
toda segurança e fragilidade
ao ser completamente envolto

dia-a-dia
num ambiente sem domínio
que se há sempre de respeitar
saudar e contemplar

coisas que só um mergulho podem ensinar

e

...

aprofundo o mergulho
aumento o fôlego
e abro os olhos

dia-a-dia.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Cinema








O Discurso do Rei (The King's Speech)

O carnaval também foi acompanhado de bons filmes. No domingo de carnaval eu e Lili fomos ao Roxy (Nsa. Sra de Copacabana com Bolivar) assistir ao "Discurso do Rei", cujo estávamos ansiosos para ver e bom tê-lo visto em uma sala de cinema de qualidade.
O filme é até simples. Narrativa linear das experiências traumáticas de exposição pessoal e tentativas de cura da gagueira daquele que seria coroado Rei George VI (Colin Firth) que chega até Lieonel Logue (Geofrey Rush), um ator frustrado que ganha a vida oferecendo "consultas" para pessoas com problemas de fala.
Lionel seria hoje qualificado com um "coach" de primeira linha, tirando o Rei da zona de conforto desde o primeiro encontro - o que proporciona boas risadas. Como pano de fundo histórico está a renúncia do irmão do Rei e a declaração da 2a. Grande Guerra, que aliás rendeu para mim uma das sequências que poderiam ser melhor exploradas: o contraponto entre a eloqüência e grande capacidade de comunicação de Hitler e a timidez e gagueira de George VI.
De fato, o filme não consegue explorar muito as subtramas das disputas de poder do Império Britânico e somente ao final me percebi da personagem de Wiston Churchil, mas, creio isso fora de propósito dada a ansiedade que o filme provoca quanto ao desenvolvimento do relacionamento do "coach" com seu cliente.
Me chamaram a atenção os enquadramentos, em especial quanto as primeiras seqüências das sessões de George e Lionel, posto o grande vazio colocando os atores em primeiro plano e com 2/3 das telas com a textura das paredes descascadas do consultório nada Vitoriano de Lionel. Enquadramento esse que destaca a tensão e a pretensa "autoridade" do "terapeuta" perante o ilustre "paciente".
O final é consagrador e, como já foi escrito anteriormente por outros cronistas, o filme trata de confiança e amizade, numa relação de desiguais, em que é preciso ceder para acessar o outro e se permitir para realizar aquilo a que se está predestinado.

Preciosa (Precious)

Já de volta a Friburgo e numa quarta-feira de cinzas que foi realizada entre faxina doméstica e encaixotamento de bens e coisas para mudança, pegamos dois filmes, dentre eles "Preciosa". Confesso que há muito resisti em ver esse filme. Já cheguei até em alugá-lo, umas duas vezes, e não assisti. Razão boba e inexplicável: ando um tanto avesso aos dramas em geral. Talvez já tenha sublimado com o tanto de realidade nos é jogado na cara todos os dias. Mas eis que, enfim, peguei o filme com a determinação em assisti-lo.
É um soco no estômago! As reflexões trazidas para entender todas as razões envolvidas, para entender toda a fragilidade de Precious Jones (Gabourey Sidibe), a crueldade de sua mãe (Mo'nique), a deficiência do sistema de proteção para que aquela situação perdurasse por tanto tempo, enfim, a dureza da apresentação da personagem somente é amenizada com a providencial imaginação de Precious que a distancia dos eventos grotescos e absurdos aos quais passa.
Ambientado em Nova Iorque de 1987, o filme também apresenta locações de "simples" produção e a direção de fotografia nos contempla com enorme desconforto visual e estético do ambiente no qual Precious reside. Tive a impressão que minha resistência em ver o filme era instintivamente justificável com aquele ambiente degradante. Também o grau de perturbação psicológica em que vive a heroína do filme me dava a certeza que havia resistido devidamente.
Porém o filme é uma narrativa de superação e esperança. Um libelo de vida e grito de liberdade que a despeito de tudo de ruim que acontece, clama por um novo cenário, tal qual aqueles vislumbrados por Precious em seus momentos de fuga imaginativa. Na seqüência mais barra pesada, ansiei pelo destino seria dado à personagem principal e, com a crueza que começara, o filme termina deixando o mal estar e pano pra manga para todas as reflexões vindouras.
Dentre elas: acho que o filme trata da força e vulnerabilidade da mulher, das relações de força, opressão e redenção que aquelas mulheres, negras, proporcionaram às vidas de suas personagens.
Pesado, mas um excelente filme!

Fora de Controle (What Just Happened)

Foi o segundo filme alugado na quarta de cinza. E que deliciosa descoberta! Com um staff de superprodução, com Robert De Niro, Sean Penn, John Turturro, Michel Wincott, Bruce Willis, Catherine Keener, Stanley Tucci, Kristen Stewart, o filme pode até ser considerado de uma narrativa de metalinguagem ao tratar dos bastidores de uma semana da vida de um produtor cinematográfico em Hollywood.
Vivendo a separação de seu segundo casamento e ainda afixionado pelo ex-mulher, Robert De Niro protagoniza um produtor que vive para administrar crises. Nosso herói enfrenta um diretor que surta ao ver os executivos do estúdio querendo mudar o final de sua obra prima depois de uma exibição de avaliação; o ator (Bruce Willis representando à ele mesmo) que surta e coloca toda a gravação de um novo filme em risco com a teimosia em manter uma barba salomônica - completamente fora do que se espera da imagem de Bruce Willis; enfrenta o agente de atores que sofre com crises gástricas ao ter que enfrentar Bruce para tirar a barba; encara ainda a descoberta que a filha já é uma mulher, com 17 anos de idade, apaixonada por outro produtor cinematográfico; além de lutar para manter os vínculos com sua ex-mulher que, por sinal, já está em novo caso amoroso.
Com um ritmo sereno, o filme vai nos conduzindo entre ligações e conversas estressantes, numa agenda lotada de compromissos em que nosso personagem principal se encontra sempre em deslocamento, retratando bem a vida de produtores cinematográficos - guradadas as devidas grandezas da indústria americana - com os percalços e dramas da vida pessoal do personagem que vê todos seus relacionamentos na montanha russa de sua profissão.
Confesso me identifiquei com a personagem à medida que minhas relações pessoais, e o tempo da minha vida, são diretamente afetados pela minha escolha profissional e sofro com a falta de tempo, até para coisas mais tranqüilas e simples como a família e saúde (não sou produtor de cinema mas trabalho com projetos culturais e, com isso, devo estar em lugares e com pessoas que, por vezes não é uma escolha e sim uma obrigação, consumindo finais de semana e noites à fio em que a atenção é mais profisisonal que pessoal).
Por fim, nosso personagem revela toda a dimensão das causas e efeitos de "processos produtivos" mal conduzidos, haja visto que o cinema americano é, notadamente, um cinema de produtor e o que interessa é o resultado final com atenção às necessidades e comportamentos do público.
O roteirista com certeza "desopilou" o fígado ao escrever esse filme e imagino tenha sido muito prazeroso para os produtores Art Linson, Jane Rosenthal e Barry Levinson exporem suas angústias nessa divertida produção, sem esquecer do prazer que o próprio Robert De Niro deve ter sentido ao também assinar a produção do filme.
Acredito que, exatamente por tratar de uma visão de dentro da indústria, com tamanha inteligência, fluência de roteiro e deliciosa direção de Barry Levinson, é que tenhamos a oportunidade de vermos tão grande elenco em tão divertida produção.
Recomendadíssimo!

Carnaval


Carnaval. Tempo de liberdade do humor e aceitação de tudo aquilo que nos aborrece no dia-a-dia. Esse ano fui para o Rio novamente e como estava cheia a cidade! Impressionante o número de pessoas nos blocos, nas filas dos restaurantes, na fila dos banheiros, enfim, algo assim inimaginável. Porém, o que vi foi só alegria. Pessoas fantasiadas no metrô às 7 da manhã, fantasiadas nas ruas às 0 horas, fantasiadas em todos os lugares, de todas as formas.

A questão de ser ou não ser mijão de rua tomou conta de todas as conversas, sempre que se comentava o número de pessoas que estavam nos blocos. Me pergunto se a prefeitura não deveria fazer um convênio com os estabelecimentos comerciais para que estes autorizassem o uso de suas dependências pelos foliões da cidade. Juro que tentei ao máximo respeitar a cidade mas houveram umas duas situações que simplesmente não deu e, com toda culpa cristã que me povoa, molhei a estrutura da perimetral ao lado da Praça XV. Confesso com vergonha mas livre da hipocrisia, pois fui resistente até o último minuto. A fila do Banheiro ia do início da Praça XV até o Arco do Teles, ou corria para a perimetral ou faria nas calças. Aliás, fantasia de Bebê, com fraldão, passaram a chamar muito mais minha atenção, assim como, chamou minha atenção uma moradora de rua que montou uma estrutura de lona e cobrava um real por mulher para que essas se aliviassem, também embaixo da estruturada Perimetral.

Sábado eu e Lili fomos para A Banda de Ipanema, com meu pai, Silvana, Pablo, Rosana e Alagoinha. Lá encontramos a “Dilma”, o sobrevivente da enchente e outras tantas fantasias originais que lotavam a praia. Conversamos um bocado, tomamos várias cervejinhas e voltamos cedo para casa.

No domingo celebrei um casamento (que merecerá post próprio) e, para tanto, acordei às 6 horas da manhã pois a concentração estava marcada para 8 horas da manhã, em frente à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. No Cordão do Boitatá vi umas das melhores fantasias de caranaval: um gordinho vestido de jogador da Seleção Brasileira de Futebol, com a camisa do Ronaldo Fenômeno com uma placa escrita “Hipotiroidismo é Foda!”. Hahahahaha. Achei sensacional! Ainda deu tempo de chegar em casa, descansar um pouco e depois curtir um cineminha no Roxy, onde assistimos o “Discurso do Rei” (que também receberá um post próprio), que agradou bastante.

Segunda reservei para ficar com meu pai e curti-lo um pouco mais. São poucas as vezes que nos vemos por ano e, depois da catástrofe, restou claro como a vida é efêmera e devemos curtir as pessoas que amamos o máximo quanto pudermos. Calhou que a programação dele atendeu à uma curiosidade pois estava bem interessado em ver o estreante bloco “Sargento Pimenta”, com músicas dos Beatles, e, como fomos ao “Bloco da Segunda”, pudemos (eu e Lili) dar uma checada e cantar (dentre outras) “Twist and shout” na maior vibração com cerca de 10 mil pessoas apinhadas em uma pequena rua de Botafogo. O bloco incendiou a multidão e provou que Beatles são eternos e para todos os gêneros de música e geração de ouvintes. Todos, a despeito do aperto, eram só sorrisos e animação. Delicia!

Durante tudo isso, recebíamos notícias que chovia bastante em Friba. O coração apertava mas nenhuma notícia triste aconteceu.

Terça subimos a serra com a alma lavada e fomos dar uma mãozinha no Toka do Siri onde os sogrões e cunhados ralavam servindo os melhores frutos do mar da cidade.

Foi um carnaval para guardar, com todo carinho, na memória.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Retorno

Já há muito não escrevo. Andei sem vontade, sem paciência e com a melhor desculpa de todas: sem tempo! Agora retomo, ansioso para comunicar das crônicas da vida e lançar um tanto de mim assim, no universo paralelo da dimensão digital.
Desde a última postagem muita coisa aconteceu! O amor amadureceu e selou projeto novo de vida, as águas caíram e a lama tomou a cidade, mudando paradigmas e perspectivas, amigos e amigas estão celebrando a vida de várias formas e toda sorte de trabalhos e contatos se realizaram.
Colocarei essa página a par de tudo, calmamente. Postarei impressões, ansiedades, sonhos, desejos, vontades e experiências. Postarei na forma de Crônicas para registrar o tempo das coisas e enxergar, pela lente mediada dos textos, a constante mutação a qual me submeto com tudo que vivo.
Eis, então, de volta ao teclado, o retorno...
e...
Post!