domingo, 27 de junho de 2010
Poesia - Porque?
terça-feira, 22 de junho de 2010
Contribuições - O Quase
Conversando com Célia sobre a vida e os medos que nos rodeiam, das pessoas que temem a tudo e nada encaram, ela me mostrou esse texto que há muito era atribuído ao Fernando Veríssimo e no entanto é de Sarah Westphal. Assim, segue o texto curativo e fantástico para deleite:
O
É o
Quem quase ganhou ainda joga,
quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu está vivo,
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
A
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste
Sarah Westphal
Conclusão que tiro: se jogue!!!
sábado, 19 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Memórias - Boa Viagem e Mário Quintana
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Poesia - Nascimento
Nascimento
Te pari ao contrário
Pois de ti saí e rasguei os pulmões em choro pela vida concebida
E noutro rasgo as lágrimas foram da tua vida partida
Das lembranças nossas
Teu aniversário será sempre memorável
Pelas cestas de café da manhã, dos jantares com amigos
Dos abraços que nos demos, dos beijos
Para celebrar teu dia...de chegada à terra!
Nesse teu último aniversário
Celebrei com tua mãe
Sem nada dizer sobre ti
E com ela a vida
Um prato de sopa, un poquito de pan, mantequilla...
E com ela
A família e a intimidade
De quem te antecede
De quem te descende
Reverenciando a ti
Com alegria
Pois nesse seu aniversário... Mãe
Celebrei teu dia com a vida que me destes no seio de tua origem...
...e agradecido...
te amo!
Artigo - Utopia
Uma amiga (Liliane, via Orkut) me havia sugerido escrever sobre o espírito da Copa do Mundo e como isso comove as pessoas e as coloca em espírito mais global, de maior integração e vizualização com o mundo. De fato, distante disso, já havia pensado escrever algo acerca da seleção e a relação do brasileiro com o poder e assim respondi para minha amiga que faria.
Ocorre que no último final de semana nem um sopro de inspiração me havia ocorrido com esse tema. Temia parecer pedante, repetitivo e com pouco embasamento teórico acerca desse tema: poder, seleção e o brasileiro. Porém, algumas várias conversas e episódios se somaram e agora sinto um fio condutor acerca de uma importante reflexão sobre o tema e o universo do cenário ideal da existência, social e política do Brasil.
Pois bem, sábado sentei à mesa com Renato Onofre e sua companheira, Macele, e, no bate papo, conversamos sobre Raimundo Faoro e “Os donos do poder” (livro de grande importância para compreensão da formação do patronato político e econômico do Brasil). Nessa obra, o autor percorre desde a formação do Estado Português até as estruturas sedimentadas na República e no Estado Novo. Da soma dessa leitura com o clássico “Casa Grande e Senzala” (Sérgio Buarque de Holanda), uma idéia se formou em mim acerca da relação de nosso povo com o poder e os poderes constituídos: amor e ódio são elementos essenciais dessa relação!
O servil odeia a seu opressor mas quer, no fim das contas, ser opressor para sair da condição de oprimido, qual não houvesse outro caminho diferente de ser opressor. Na leitura de Raimundo Faoro fica clara a confusão entre o público e o privado, sendo os poderes do Estado confundidos como extensões da senzala (figura da leitura de Sérgio Buarque) e o exercício das funções públicas se confundem com a personalidade do executor, à margem da legalidade.
Na faculdade de Direito, certa vez, provoquei meus colegas acerca da real extensão de nossa capacidade em falar de "corrupção". Será não falamos de um comportamento, um traço cultural tão próprio e arraigado que já não pode mais ser considerado errado?
No Dicionário Michaellis se encontra assim:
cor.rup.ção -
sf (lat corruptione) 1 Ação ou efeito de corromper; decomposição, putrefação. 2 Depravação, desmoralização, devassidão. 3 Sedução. 4 Suborno. Var: corrução. Ora, ao se vangloriar do jeitinho brasileiro, da lei de Gerson em ditados como: farinha pouca meu pirão primeiro; faça o que digo não faça o que faço...não seriam valores instituídos, traços aceitos e assimilados em nosso povo? Que moral é essa contra a qual se atenta? Que devassidão é essa que nos assola? Onde estão nossos guardiões e quem são eles, afinal?!?
Essa continua sendo uma provação que promovo aos meus alunos...
Algumas pesquisas apontam a confusão esquizofrênica que os brasileiros promovem acerca do tema poder e corrupção. Numa delas, realizadas no ano passado (2009) e publicada no Folha de S.Paulo [4/10/2009 - pesquisa do Datafolha feita em todo o país], trouxe alguns números que reforçam esse questionamento: 13% dos brasileiros admitem já ter trocado seu voto por dinheiro, emprego ou presente (17 milhões de brasileiros!); 79% afirmam que os brasileiros vendem voto; 33% dizem que não é possível fazer política sem um pouco de corrupção (como assim "um pouco de corrupção"...alguém já ouviu falar em "meio-corrupto?"); 68% já compraram produtos piratas; 36% pagaram propina alguma vez; e, inacreditavelmente esquizóide é a constatação de que 83% admitem pelo menos uma prática ilegítima enquanto 74% dizem que sempre respeitam as leis, mesmo se perderem chances... como assim?!?
Noutra ponta, o brasileiro reclama da falta de segurança, quer mais polícia na rua mas não confia em suas forças policiais! A mais, em 2007, segundo Datafolha, 55% dos brasileiros eram a favor da pena de morte, porém o nível de crédito aos policiais e ao judiciário não ultrapassava 50% (também em pesquisa Datafolha).
O interessante é perceber que discursarmos uma moral que aparentemente não acreditamos ter, ao mesmo passo que apontamos o erro dos outros e não queremos sejamos flagrados nos nossos! Incrível.
Ainda hoje tive o prazer de conversar com a eterna professora e amiga Beatriz Vieira (por engano ao tentar falar com uma cliente de nome Bia) e bem me lembro de uma de suas aulas, na qual ela tratou do senso de justiça e do ideal de paraíso humano.
Desse último ela apontou para o fato de que sempre que quando a humanidade se destina ao excesso de religiosidade (essa desvinculada à experiência transcendente) é por abdicar da realização do paraíso na terra, abdicar da capacidade de construirmos um mundo solidário, justo e capaz de satisfazer a felicidade tão sonhada, qual no paraíso.
Sobre o senso de justiça, contou fábulas de Nasrudin (sábio sufi que provavelmente habitara a península ibérica durante a ocupação moura). Numa delas, indagado por um juiz se preferia o dinheiro ou a justiça, Nasrudin responde prefere o dinheiro e indignado o juiz lhe passa um sermão acerca da necessidade de justiça, o quanto esta permite a vida em sociedade e Nasrudin, após concordar, lhe sentecia “cada um procura aquilo que lhe falta!”. Noutra, a Nasrudin é pedido que distribua certa quantidade de nozes entre alguns meninos à beira da estrada e a eles pergunta: “na divisão dos homens ou na divisão de Deus?”; e, de pronto, os meninos respondem “na divisão de Deus!”, assim, Nasrudin entrega 1 noz para um dos meninos, 7 para outro, 4 para um terceiro e nenhuma para o último...as crianças, atônitas, indagam: “como assim?”; e Nasrudin pergunta: “Qual divisão pedistes?”; os meninos respondem: “a divisão de Deus!”; Nasrudin então elucida: “pois bem, Deus proporcionou a natureza assim: uns nascem onde têm algum, outros nascem onde tem muito, outros onde tem o suficiente e outros onde não tem nada!”...pois o senso de justiça é uma construção e compreensão humana, entre humanos!
Nessa colcha de retalhos de inspirações para esse texto, ainda hoje conversava com Renata Bandeira de Mello, amiga psicóloga, com quem dividia a percepção de que as pessoas estão pouco apaixonadas pelo Brasil nesta Copa do Mundo e que, definitivamente é necessário descompatibilizar o calendário das eleições com a Copa do Mundo: temos muito o que transformar e discutir sobre nosso país e perdemos muito tempo preocupados com a escalação da seleção (leia-se preocupados como: empurrados goela abaixo pelas pautas jornalísticas). Nessa conversa me esclareceu a necessidade da escrita desse texto com tal reflexão: poder, seleção e o brasileiro.
Em nossa cultura comumente se escuta: religião, política e futebol não se discutem! Sempre que escuto isso me perguto: então discutiremos o quê?
Acredito temos a má educação de desacreditar as discussões, os debates e desdenhar daqueles que os promovem. Nesse sentido, e por essa cultura de aceitação passiva, se conforta o brasileiro de abster-se e participar dos espaços de decisões políticas e sociais (conselhos municipais de educação, saúde, segurança, criança e adolescente, cultura, etc.) como forma de defesa de quem diz: "eu" até faço errado, mas como assim "eu" sou responsável pela zona que aí está? Eu corrupto(or)? "A culpa é deles!" ...eles sempre, eles os outros, eles os alienígenas! No paralelo com a simbologia da seleção: não posso dirigir o time então só me resta torcer quando começar a dar certo, enquanto não der "eu" a nego!
Volto a lembrar a pesquisa acima: 83% admitem pelo menos uma prática ilegítima enquanto 74% dizem que sempre respeitam as leis, mesmo se perderem chances...ou seja...somos esquizóides ou temos um total de 154% de pessoas nesse país?
Daí então chego ao cenário último de conversas com a qual me inspira esse texto, pelo msn converso com Juliana Kunzel e falamos sobre utopias e a importância das mesmas acerca da existência humana. Filóloga que é, Juliana questiona, mesmo indiretamente, o valor dessa palavra e aí novamente encaro o fato de perdermos significados tão importantes pela falta de culto ao nosso linguajar, de culto ao tempo dos significados e construção de valores necessários e reais aqui na terra, entre seres humanos, por meio das discussões e debates, dos exercícios mentais de significados..
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Exemplo: "sacrifício ordinário" parece algo ruim e depreciativo e, no entanto, em sua origem significa o “sacro oficio de todo dia”, aquilo que laboramos a caminho da redenção!
Lembro então da leitura de Barthes em uma aula inaugural (a obra é intitulada “A Aula”) que li enquanto ia a então namorada em Campinas. Nesse livro pequeno (cento e poucas páginas) Barthes discorre acerca do impacto de significâncias que as palavras promovem e, me lembrarei sempre, quando ouvi um Bombeiro que ia para o trabalho dizer que ia para o “serviço” arrepiei! Eita...o valor da palavra, o serviçal, o oprimido travestido de autoridade querendo ser opressor...indignei!
Assim, resumo assim: todos os dias luto pelo desenho de um tempo possível quando estaremos acostumados e nos interessaremos pelas coisas comuns como nossas e importantes a todos; assumiremos nossos espaços de participação cidadã e democrática e nos responsabilizaremos por nossas escolhas, assim como deveremos nos responsabilizar por nossos representantes; um tempo no qual reconheceremos a importância da diferença para a construção do consenso e perseguiremos a Utopia de tempos cada vez melhores e mais harmoniosos, fazendo aqui na terra o paraíso conquistado, o sonho realizado e, cada qual com sua cota de responsabilidade e deleite, serermos torcedores apaixonado de todas as realizações, sem desacreditar o técnico, a seleção ou quem esteja em comando, pois esse, utopia última, será o mais puro reflexo da vontade e comunhão coletiva.
Trabalhador não é servo, é senhor da força de trabalho.
Discussão não é desentendimento, é caminho para o consenso.
Utopia não é quimera, é sonho que se persegue!
Eu prefiro discutir religião, política e futebol...
...alguém?
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Música - Bild
terça-feira, 8 de junho de 2010
Poesia - Brilhante
domingo, 6 de junho de 2010
Poesia - Madrugada
Música - Cinelux
http://www.myspace.com/cinelux
Pessoas e caminhos permitem a criação de coisas belas e verdadeiras. O projeto Cinelux é fruto da amizade antiga e originada em Maceió (AL) entre Alvinho Cabral e Clarice Barreiros.
Na sonoridade a multiplicidade de influências musicais representadas nos acordes e arranjos de Alvinho (que também assina grande parte do trabalho do Fino Coletivo, projeto primeiro deste), a doçura da voz de Clarice que horas lembra Gal, horas canta Marisa e em tons próprios ecoa a delícia de uma voz feminina bem colocada e afinada, o projeto bem merece mesmo o disco gravado e lançado e, com poderão perceber nas músicas disponíveis, tem tudo para entrar no cenário musical brasileiro com vontade e entre nós permanecer.
Salve Alvinho! Salve Clarice! Salve Cinelux!
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Resenha - Amor sem escalas
“Amor sem escalas”
Acabo de assistir ao filme e tenho a sensação que toda sorte de atualidade está ali configurada. A robotização do indivíduo, condenado a não ter história senão seus cartões de milhagens e hospedagens padronizadas. A casa que é tão fria e impessoal quanto qualquer outro quarto que se possa pousar. A impessoalidade com que se conquista e se despista pessoas, qual a coisa mais natural na vida até se encontrar com uma igual, essa outra que estimula e descarta com a mesma frieza de quem pede simpaticamente: “500 gramas de presunto por favor?”.
Nosso herói que se justifica numa mochila vazia, que não carrega amigos, casa, família, obsoletos objetos e promove uma verdadeira resistência à inovação que o enfrenta (talvez pela falta de perspectiva caso não tenha meios de fuga), se revela escancarado com a eterna condição de um solitário: ser obsoleto. No tempo do consumo, da rapidez do interesse e o instantâneo do descarte, nesse tempo que socializa o prejuízo de um modelo econômico humanamente esgotado, George Clooney replica a ilha de um Tom Hanks engravatado que quando quer romper com seus limites percebe que o mundo não necessariamente aperceberá sua mudança dentro de suas expectativas.
Durante a trama, as pessoas no mundo escancaram suas realidades e limites, limitam o herói desterrado. As outras personagens significam espaços e relacionamentos que traduzem a busca de sentido, firmeza, perenidade, a busca de algo/alguém que conforte. E durante toda a narrativa as perguntas persistem: por quanto tempo esse sentimento de conforto pode durar? Quão perene é qualquer relacionamento? Quando, realmente, o outro entenderá o "protocolo" e não colocará toda a história em risco, ou, mostrará ao herói a realidade de forma diversa da que ele pretendia ou entendia?
Nesse ponto o paralelo é necessário: em o Náufrago a personagem, tirada da sua zona de conforto, recria todos os mecanismos de sobrevivência, e, nessa nova forma de vida, alimenta o antigo amor, cultua um amigo que ele retoca, discute, cuida e leva consigo. Essa mesma personagem, ao final, percebe que a distância e o tempo fizeram o antigo amor procurar outro amor, percebe que os amigos de trabalho vão oferecer o mesmo cardápio por anos exclusivo de seu recolhimento, percebe que o amigo ficou no meio da jornada e, na cena final, está lá a encruzilhada apresentando todos os sentidos possíveis para a decisão que somente aquele herói pode tomar.
Em “Amor sem escalas”, quando nosso “náufrago” se conscientiza de sua condição, recomeça sua jornada em frente a tantos destinos e reembarca na grande incerteza daquilo que lhe pode acontecer na próxima parada, na próxima cidade, no próximo hotel, além, é claro, de estar absolutamente só.
E, fato, a possibilidade de destinos é realmente muito grande!
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Poesia - Compasso
terça-feira, 1 de junho de 2010
Contribuições - Pé de Laranjeira em Flor
Pé de Laranjeira em Flor
Vive o ciclo da flor
Silencia e escuta
O que a natureza ensina;
Como é se doar e renascer
Espera
Embaixo da laranjeira em flor,
Depois das gotas de chuva
De mansinho, molhada
Logo virá o sol, o calor.
A florada se abrirá esplendorosa,
Onde palpitava o botão da flor
Ouça
Com serenidade,
Arrepia o som das asas
Do ansioso vôo do beija flor.
Comemora o feminino
Singelo fruto, de aroma e cor
Sinta
Sob o calor,
Por timidez, talvez,
Palpitam os botões,
Mas, se abrem em flor.
De luz branca, pequena e linda
Despontam como buquês de estrelas
Acendem o caminho do amor
Derrame-se
Em paz e suavidade
Perceba, no aroma
A presença do gosto
Dourado suco que a boca provou
Resgate
Da essência, o milagre
Gosto, perfume e cor
De estar viva no corpo
A sutil leveza da flor
Na alma vive
O segredo
Do beija flor
MySal