segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crônica - Costume do olhar

Praia do Francês - Alagoas
Foto: Ig Carneiro


Tenho um velho hábito ao olhar imagens com a paisagens do mar ao fundo: olho sempre as condições do mar para o surf. Hoje, mais uma vez, assisti ao jornal da manhã e no take de Macaé, meu olhar vai direto para a arrebentação atrás do jornalista e seu entrevistado. Vejo uma foto qualquer e logo olho para as ondas e é sempre assim: primeiro o mar, depois as pessoas. É engraçado isso.
Criado na praia, pequeno me divertia com as ondas arrebentando na areia. Quando muito pirralho voltava com a sunga que era só areia. A diversão era brincar de carrinho com as ondas que avançavam e recuavam na areia. Nessas ocasiões, um volante imaginário em minhas mãos guiava o fórmula 1 que rugia em alta velocidade no ir e vir da brincadeira. Mais tarde, era um Moribugi quem me balançava n'água, aos oito anos de idade já me preocupava em pegar o terral. Aos treze ganhei minha primeira prancha de surf e por 10 anos da minha vida entendia de muito pouca coisa mas sabia de ondas e, com toda curiosidade de eterno aprendiz, fitava o mar para entender e aprender sempre mais.
Da janela do meu quarto eu tinha ao fundo um trecho do Produban (parte da praia da Guaxuma que levava esse nome por conta de um clube ali existente) e todos os dias de manhã meu primeiro olhar era dirigido para aquele canto. Ali eu sabia como estavam as condições do mar. Durante o dia, abria a porta da casa, dava um passo na calçada e olhada para os recifes que me diziam se a maré estava alta ou baixa, subindo ou baixando. Tudo para me certificar das melhores condições do surf.
E têm sido assim, desde sempre, minha inquieta curiosidade para saber do mar. O mais engraçado mesmo é que já se vão 12 anos morando na serra, contando poucas sessões de surf por ano e o olhar continua atento, inquieto de fato, sobre as condições do mar.
Hoje o dia na montanha está lindo. Nuvem alguma no céu de azul profundo e eu pensando nas condições do mar.
Deixa que a pranchinha está em bom estado e logo estarei de frente ao gigante, recebendo a maresia, para mais um mergulho e, com o eterno costume do olhar, estudarei o movimento e as condições do surf, para lavar a alma.
Aloha!


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Crônica - A área tá cheia...de nada.


Sou vascaíno e minha paixão pelo futebol sempre foi alimentada pela mística da camisa cruzmaltina e seus grandes artilheiros mas sempre gostei mesmo é de Futebol, daqueles bem jogados e brilhantes.

Quanto ao Vasco, minha geração foi beneficiada com times que contavam com Mazinho, Giovani, Luís Carlos Wink, Pedrinho, Felipe, Juninho Pernambucano, Jorginho, Mauro Gauvão, Bismark, Sorato, Juninho Paulista, dentre tantos outros nomes que se consagraram campeões brasileiros e Sul-americanos (Libertadores e Sul-americana), porém era no ataque que tínhamos os grandes brilhos e espetáculos e nos últimos 25 anos conquistamos 3 brasileiros, uma Sul-americana e uma Libertadores, além de alguns estaduais e torneios menores.

Mas no ataque: temos o maior artilheiro do campeonato brasileiro de todos os tempos, Roberto Dinamite; revelamos Edmundo, que têm a maior média de gols em único campeonato (97); Romário – sem maiores comentários; e, mesmo Bebeto, revelado no rival Flamengo, teve seus melhores momentos no futebol brasileiro enquanto esteve no Vasco. Sim, o Vasco sempre teve ótimos ataques!

Agora, confesso estou entusiasmado com as possibilidades que o time apresenta enquanto conjunto. Nivelado pelo panorama atual do futebol brasileiro (como diria Ivan: o qual nos acostumamos ao baixo rendimento) e voltei a vestir a camisa em dias de jogos, colocar a bandeira no colo para torcer. Nunca abandonei o time, porém, era duro acreditar nos elencos e nos esquemas adotados nos últimos 10 anos.

Mas quero falar um pouco além do Vasco. Quero mesmo é tratar de um diagnóstico preocupante: estamos com déficit de atacantes no Brasil!

Como citei anteriormente, o Vasco sempre contou com atacantes de ofício, que além dos gols, protagonizavam jogadas excepcionais e funcionavam para o sucesso dos times em que jogavam mas o time cruzmaltino era mais um entre os grandes times do Brasil que contava com grandes atacantes. Hoje, todos estão à meia bomba e, à exceção de Neymar, sofremos uma total ausência de atacantes certeiros e decisivos.

Peço aos leitores que me ajudem e me indiquem algum grande atacante que possa eu colocar os olhos para melhor análise, pois, além de torcedor do Vasco, sou admirador do bom futebol e, como outrora perdi entusiasmo em torcer pelo meu time, hoje tenho ânimo algum em assistir qualquer jogo que seja. Para que entendam: acreditei que Santos x Corintians seria um grande jogo, Neymar x Liedson prometiam e...tédio.

Para o bem da verdade gosto de alguns jogadores, porém nenhum deles atua no Brasil. Nilmar é o destaque. Mesmo André (ex-menino da vila) também me agrada, mas não são aqueles que entram em campo e podemos dizer com certeza: agora vai!

Assim foi com Romário, assim com Edmundo, assim foi com Ronaldo Fenômeno, mesmo Renato Gaúcho, Careca, Müller, e até Túlio eram decisivos. Vejam que me restingi aos atacantes (para mim, a posição mais carente no Brasil hoje), pois poderia continuar a lista e enumerar Zico, Falcão, Sócrates, e uma infinidade de craques mas me preocupam mesmo são os atacantes!

Isso tudo me lembra um comentarista (não recordo quem) que certa vez profetizou, no início da presente década, que o futebol brasileiro corria sério risco de perder uma geração de atletas pois as escolinhas e as bases dos clubes brasileiros estavam investindo em atacantes grandes, robustos, bons de cabeceio pois essa era a tendência de mercado e consumo dos clubes da Europa. Agora, estamos sem os baixinhos e é um magricela moicano quem apavora as zagas de norte à sul e fronteiras além.

Quero ver gol de baixinhos no meio da zaga sueca e poder ver um jogo qualquer com direito a jogadas diferenciadas e conscientes. Porém, com o triste sabor da realidade, na quarta-feira próxima, vou torcer para que os medianos Wiliam e Rafael Coelho (dois ex jogadores do Vasco) estejam menos inspirados que Edér Luís e Alecsandro e que meu time retome sua trajetória de grandes viradas e títulos.

Para finalizar, me entristece até o Flamengo ter admirado Obina e hoje depender de Deivid, me entristece o Fluminense acreditar que Fred é o supra-sumo dos atacantes(com direito a moradia “Fasiônica” – não resisti a corruptela), o Botafogo não ter senão um Uruguaio como seu maior ídolo no momento, e o Vasco...bem, meu senso de auto-preservação me impede de terminar a sentença e deixo ao critério do leitor declarar o final que melhor apetecer.

Tenho dito!

ps.: VAAAASSSCOOO!!!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Poesia - No Alto da Montanha




Acima da cidade é natal o ano inteiro
Abaixo dos meus pés
Restam luzes cintilantes das casinhas que se vêem ao longe
E pertinho do Céu
Aviões passam ao lado indo para lugares bem distantes

Tudo isso no alto da montanha

Acima da cidade a pedra do Elefante parece bibelô de sala
A lua nasce no horizonte
E o mar aqui é de morros
Com direito a cobertura de nuvens
E pitadas de orvalho sobre a grama

Tudo isso no alto da montanha

No forno de pizza o rodízio é certo
A lareira esquenta a alma
E os corpos se grudam para aproveitar todo o calor
Com manta, caldinhos e um vinhozinho
As coisas seguem com sabor tremendo

Tudo isso no alto da montanha

E segue a vida, semanas que entram e saem
Finais de semana que voam
Noites longas, por vezes cansativas
Para que tudo se acerte e mantenha o seu prumo
De delícia e sabor

No Alto da Montanha...

...com tudo isso.