Carinho, amor e comida.
Calor. Parece mesmo que a alquimia de toda a vida começa assim: quente. Assim mesmo estão sempre juntos os prazeres de comer e amar, deliciar um bom prato de comida e dividir o espaço da vida, os temperos e transformações dos sabores.
Sêneca, filósofo romano, em Agamenom, retrata que na vida restavam apenas três prazeres: comer, comer (no sentido carnal do termo) e morrer (entendia ele nos livrávamos do peso de todas as outras coisas desnecessárias na vida no momento da morte), e me faz muito sentido tenhamos em vida os dois primeiros prazeres entre a comida e o amor, antes do prazer último que retira tudo, inclusive a vida.
Tanto no cinema, nos protocolos do galanteio, nos ditados populares a comida antecede o amor e acompanha os amantes antes de seus ápices de cumplicidade e entrega. “Conquistar pelo estômago”, levar para um jantar romântico (até mesmo quando casais querem se conhecer), e inúmeros filmes relacionados a esta simbiótica relação dão o tom de verdade incontestável a esse fato e, por isso mesmo, imagino que anorexos sejam realmente mal amados e por isso aparentam enfadonha tristeza.
Bem, resta agora chegar ao ponto primevo deste texto: almocei esplendorosamente bem hoje! O almoço da simplicidade e delícia que fazem parte de gostar e querer, simples e direto. Comi em casa, depois de estudar por toda a manhã, dois belos sanduíches de pão preto com pasta de frango desfiado, maionese de leite e manjericão com azeite. UMA DELÍCIA!
Já há cerca de 3 meses o calor faz parte do meu cotidiano. A descoberta do sabor, a vontade do ‘repeteco’, a curiosidade de saber dos ingredientes e temperos de Liliane vem sendo a tônica de meus dias. Por vezes pareceu que o prato desandara. Salgado demais, intenso demais, aguado de mais, mas, como da primeira linha desse texto, esse é o calor da alquimia que alimenta a vida e a sabedoria das coisas vão conduzindo o processo ao ponto do prazer intenso das coisas simples.
Frango desfiado, maionese de leite, manjericão e muito carinho hoje me alimentaram como há muito não me sentia satisfeito. Naquele gosto havia sincero e profundo carinho. Agora preparo uma sobremesa, regada de sorriso, que há ser acompanhada de leveza, para ter da morena bonita o sorriso querido, oferecer dos meus cuidados e seguir nessa saga, com as bênçãos de Sêneca, até o último e definitivo dos prazeres dessa história, se saiba lá quando seja ou se será.
Almocei esplendorosamente bem hoje!