sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Filmes - Violência no Brasil



Segue uma sugestão de filmes para compreensão da violência, no Brasil e no Rio:

1 - Rio 40º - o abandono e os riscos da infância no Rio nos anos 60;
2 - Cidade de Deus - o resultado de políticas de habitação desastrosos e excludentes;
3 - O Homem do Ano - o ponto de encontro criminoso entre as Classes A e D e como a Classe A se vale do crime para obter lucros;
4 - O Invasor - o mesmo caso do Homem do Ano;
5 - Os Matadores - continuação do Homem do Ano, agora abordando o tráfico de armas, drogas e carros roubados;
6 - Tropa de Elite (1 e 2) - para dever do comentário - que trata da corrupção policial e política fruto do abandono social e os discursos exclusivamente de repressão que prevalecem ao senso comum.

Bem, acredito que, como toda crise, essa nos abre uma oportunidade profunda de discussão e elaboração de novas perspectivas.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Poesia - Acalanto


Avia verso

Larga do meu peito

Pois é certo o deserto

Que a vida deixa quando se vai


Desprende

Letras e palavras

E aperta o passo

Da rima para desfecho


Põe no eixo

Tudo que é saudade

Para que essa dure pouco

E se faça memória:

- quanto de farinha para o empadão?

- quanto de manteiga para o risole?

- quanto de hortelã para o tabule?

- quanto de cebola para a tortilha?


Avia vida

Dá prosseguimento

E acalanta os nossos

Com novas receitas em nossas cozinhas


Nos faça

Imprescindíveis aos novos

Folclóricos, Históricos e fundamentais

Tal qual ela:

- tempo ruim, boa cara.

-bom cabrito não berra.

- o irremediável remediado está.

- o que aprendi hoje?


Pois assim a saúdo

Em verso e vida

E no contínuo da jornada

Te salvo rainha


Pois assim a saúdo

Em vida e verso

Rememorando os dias

Para o frescor da lucidez


Tal qual tu sempre quis.


Avia verso!

Avia vida!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Texto Liberdade de Imprensa


Liberdade de Imprensa

Republicamos o texto da colunista Maria Rita Kehl, do Estadão, por conta do qual foi demitida. Por Maria Rita Khel* Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro. Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola. Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida. O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”. Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos. *Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo e reproduzida do site O Escrevinhador.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poesia - Pablo Neruda



Se cada dia cai

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

Acontece

Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Hai Kai - Leve


Suspirar ao léo é leve qual leve é a lua pairando no céu.

Poesia - Estações


ESTAÇÕES

Leve é...

a cor primeva

anunciadora

das coisas simples

que navegam

tranquilas

no oceano intangível

daquilo que não se define

que palavra alguma alcança

aquilo que é

só esperança

e

leve é...

o cheiro

de flor de laranjeira

anunciadora

do fruto

alimento da alma

que canta

sons inaudíveis

das melodias que unem

e

se fazem livre

e

se fazem juntas

Pois

leve é

a primavera

que antecipa

dias de calor

para vontades quentes

noites frias

para abraços queridos

dos amantes

que conjuram e desejam

ser

assim

....

leves

...

em todas as estações.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poesia - Você

Crédito: http://www.freedigitalphotos.net


Você

Pronome da segunda pessoa

Que me indica a primeira

Que tem nome próprio

E é musica

Verso e cor

Da vida

Que reflete

Você, em você, por você

Por que

Assim é

Pronome da segunda pessoa

Única

Que é primeira, total e derradeira

Pois

Assim é

Anúncio da tua identidade

Tua individualização

Designativa do verbo

Que se destina

Afinal

Para o bem da rima

Para o bem da vida

É bom

Amar

Você!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Relato


Carinho, amor e comida.

Calor. Parece mesmo que a alquimia de toda a vida começa assim: quente. Assim mesmo estão sempre juntos os prazeres de comer e amar, deliciar um bom prato de comida e dividir o espaço da vida, os temperos e transformações dos sabores.

Sêneca, filósofo romano, em Agamenom, retrata que na vida restavam apenas três prazeres: comer, comer (no sentido carnal do termo) e morrer (entendia ele nos livrávamos do peso de todas as outras coisas desnecessárias na vida no momento da morte), e me faz muito sentido tenhamos em vida os dois primeiros prazeres entre a comida e o amor, antes do prazer último que retira tudo, inclusive a vida.

Tanto no cinema, nos protocolos do galanteio, nos ditados populares a comida antecede o amor e acompanha os amantes antes de seus ápices de cumplicidade e entrega. “Conquistar pelo estômago”, levar para um jantar romântico (até mesmo quando casais querem se conhecer), e inúmeros filmes relacionados a esta simbiótica relação dão o tom de verdade incontestável a esse fato e, por isso mesmo, imagino que anorexos sejam realmente mal amados e por isso aparentam enfadonha tristeza.

Bem, resta agora chegar ao ponto primevo deste texto: almocei esplendorosamente bem hoje! O almoço da simplicidade e delícia que fazem parte de gostar e querer, simples e direto. Comi em casa, depois de estudar por toda a manhã, dois belos sanduíches de pão preto com pasta de frango desfiado, maionese de leite e manjericão com azeite. UMA DELÍCIA!

Já há cerca de 3 meses o calor faz parte do meu cotidiano. A descoberta do sabor, a vontade do ‘repeteco’, a curiosidade de saber dos ingredientes e temperos de Liliane vem sendo a tônica de meus dias. Por vezes pareceu que o prato desandara. Salgado demais, intenso demais, aguado de mais, mas, como da primeira linha desse texto, esse é o calor da alquimia que alimenta a vida e a sabedoria das coisas vão conduzindo o processo ao ponto do prazer intenso das coisas simples.

Frango desfiado, maionese de leite, manjericão e muito carinho hoje me alimentaram como há muito não me sentia satisfeito. Naquele gosto havia sincero e profundo carinho. Agora preparo uma sobremesa, regada de sorriso, que há ser acompanhada de leveza, para ter da morena bonita o sorriso querido, oferecer dos meus cuidados e seguir nessa saga, com as bênçãos de Sêneca, até o último e definitivo dos prazeres dessa história, se saiba lá quando seja ou se será.

Almocei esplendorosamente bem hoje!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010




Ei, Sr. Tempo, quem te soltou as rédeas?
E fez de ti tão rápido?
Ei, Sr. Tempo, porque te apressas e galopas em passos linceados?

Sabe, Sr. Tempo, te manjo e te registro
Mas confesso
Quanto mais precipitas, concomitantes fenômenos me ocupam
De fato
Te curto mais e
Contigo
Destilo teus sabores
Acumulo mapas de histórias fabulosas
Alinhavo eventos em linhas conexas de interesse e similitude

Porém, Sr Tempo, reclamo fragmentos que estagnam
Se perdem ou desqualificam significados outrora fundamentais
É em ti que perco referenciais e construo outras bússulas
e sempre de ti restam cobranças da inteireza e completude que se pretende na jornada.

Sr. Tempo, desde quando se importa com isso? Melhor, será se importará?

Creio que não, Sr.

Imagino mesmo é teu regalo a cada novo menino que quer ser homem
E dos homens desejosos da meninice
Como deves se divertir com o mesmo olhar de dois extremos
- dos senhores e senhoras que, gastos à sua presença, refinam e apreciam as pequenas coisas comuns, como novas e absolutas fossem;
- e, dos primeiros entendimentos das coisas que refletem em matéria, o olhar da criança que deslumbra novidade e fantasia, a transformação da casa em reino, do reino em templo, do templo a redenção...

...de perdurar em ti...
...eternizar-se...

...mas...

Ei! Sr. Tempo, de que és mesmo feito? Como nos distinguimos de ti?

...ah, não me digas...

lembrei!

- Tu és.

Nós te vivenciamos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Texto - Ética e a Advocacia


Ética é uma palavra de sentido aberto que, há muito, é empregada indiscriminadamente como se valor absoluto fosse. Muitas organizações, empresas, sociedades e grupos sociais detêm suas próprias éticas e formas de condutas.

Nos vernáculos e dicionários encontraremos definições de ética como parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana; ciência normativa que serve de base à filosofia prática; parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade; assim como, conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão. E todas nos interessam, em especial essa última.

No dia 11 de Agosto é comemorado o dia do Advogado e nessa oportunidade a 9ª. Subseção da OAB-RJ lança sua campanha anual, que nesse ano traz o tema:

Ética, a bandeira do Advogado, levante também a sua!

Importante destacar que nossa profissão é consagrada, constitucionalmente, como essencial à administração da justiça e em defesa dos valores da democracia e da legalidade, na construção de uma sociedade que atenda aos objetivos da República Federativa do Brasil, de acordo com nosso preâmbulo - assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias.

Dessa forma, Advogado empunha consigo, em sua conduta pessoal e profissional, a bandeira da Ética pelos valores mais caros e importantes da Constituição Federal, pois, sem sua atuação em defesa da dignidade humana, da soberania dos povos, do valor da democracia, do pluralismo político, do valor social do trabalho e da livre iniciativa, e, em especial, da cidadania, viveríamos ainda sob a espada de ditaduras e poderes autoritários jamais condizentes com o projeto de uma sociedade justa, livre e fraterna.

Assim, a Ordem dos Advogados do Brasil de Nova Friburgo (9ª. Subseção da OAB-RJ) conclama a todos os cidadãos de Nova Friburgo a erguerem suas bandeiras Éticas, para que possamos assim estimular o debate democrático, solidário, que construa consensos para o contínuo e profundo desenvolvimento de nosso povo, nossa sociedade e nossas instituições políticas, sociais e de nosso judiciário.

Participe!

Levante também a sua bandeira!

Vamos enriquecer a democracia!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poesia - Saber

Saber


Das pétalas cantadas

Que róseas ondas perpetram

Luz e calor

Dão o sabor descabido

De planejar tudo

Idealizar muito

e

Sobretudo

Viver.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Férias

Fui de férias forçadas e estou de volta, festejada!

Vamos que vamos!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Poesia - Na forma

Foto: Jayme Stern


Na forma

Saltam aos olhos as teclas do computador

Em branco, os desenhos das letras clamam por um teclar que afirma

registra e materializa língua e significado

na forma de palavra.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Música - Fino Coletivo

Capa do Disco

Fino Coletivo

Doce junção de inúmeras referências musicais de Maceió e Rio de Janeiro. Em seu segundo disco (Copacabana) o Fino Coletivo consegue encantar desde a primeira música com sua pegada dançante e cheia de sabor. Podem até dizer que sou suspeito para falar dessa banda por meu vínculo de amizade de infância e afetividade ao Alvinho Cabra l(assim como ao Wado, que fez parte da primeira formação da banda), mas, como acredito que afetividade deve ser a tônica de todas as relações humanas, acho que esse se torna um ingrediente à mais de responsa para tratar do som dos caras.

Com um groove suingado, violão e guitarras com efeitos, os metais soul, o funkeado e a quebrada de samba-rock, sambalanço entre outros temperos, fazem as músicas preencherem os espaços com enorme positividade e energia dançante.

Na regravação de “Coisa linda”, já registrada na voz de Clarisse no projeto dela com Alvinho, Cinelux (ver artigo anterior), resta a comprovação da felicidade dessa mistura. “Ai de mim” insere o sampler e sintetizador que fazem desse sambinha uma linguagem universal de sonoridade, além da letra inspiradora e contagiante de paixão, como quando canta: “Você já imaginou, se não fosse o amor, você já estava no chão, você já estava na mão irmão...ai de mim, sem o amor dela aiaááá...”; sem pieguice e com extermo charme.

“Minha menina bonita” não demora estourará nas rádios de todo o Brasil. Reagge de riff impactante (eu vi a menina bonita, eu via a menina bonita...), além de frases como “meus olhos vão com ela, meu pensamento é dela...”, embala suave e promove a vontade de devoção à mulher/menina amada, como toda pessoa romântica e apaixonada quer para ser trilha sonora do amor e adoraração. De fato, anotem, não demora essa música vai estourar!

“Fidelidade” é sambalanço que bebe de toda fonte de mestres como Jorge Ben e o atual seu Jorge. Numa batida fantasticamente dançante, juro anseiar ver essa música no show ou em festinhas para contemplar toda a beleza de nossas mulheres lindas pagodeando no ritmo contagiante dessa música .

Além das demais, destaco ainda “Nhem, nhem, nhem” que apresenta todo o cheiro de maresia, a quebrada do côco de roda e musicalidade nordestina com toda a salada que representa o som da galera e a mistura marcante da banda.

Fomado por Alvinho Cabral (violão, guitarra, percussão e voz), Alvinho Lancelloti (Voz), Adriano Siri (voz), Daniel Medeiros (baixo e voz) e Donatinho (teclado) , Fino Coletivo têm o seu segundo disco lançado pela Oi e repercute como nova forma de produção e distribuição fonográfica (matérias no Globo, Veja, entre outros).

Vale uma conferida no site da galera para curtir esse som que já ganhou prêmio de som revelação em 2008 e, nesse ano de 2010, nos presenteiam com um trabalho extremamente feliz, positivo e alto astral, características de Maceió e do Rio de Janeiro que, apesar dos pesares, são dois belíssimos exemplares da beleza natural e humana de nosso Brasil brasileiro.

domingo, 27 de junho de 2010

Poesia - Porque?




Porque?

Porque eu gosto de praia
eu gosto de serra
gosto de mar
gosto de música
de filme e de comidinhas eu gosto

Porque eu gosto de vento na cara
estrada e avião
gosto de bicicleta e rolar no chão
gosto de café com leite e cream craker
e sessão da tarde, em dia frio, no edredon eu gosto

Porque eu gosto do dia
eu gosto da lua
gosto de fogueira
gosto de cachoeiras
de jabuticaba, manga, cajú e goibada eu gosto

Porque eu gosto de bichos
eu gosto de gato e de cachorros
gosto de chocolate
gosto de chá mate
de cafuné, pezinhos enroscados e carinho de nariz, feito curumim eu gosto

Porque...
...
é você...
...
e eu gosto.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Contribuições - O Quase

Foto: Clélio Tomaz


Conversando com Célia sobre a vida e os medos que nos rodeiam, das pessoas que temem a tudo e nada encaram, ela me mostrou esse texto que há muito era atribuído ao Fernando Veríssimo e no entanto é de Sarah Westphal. Assim, segue o texto curativo e fantástico para deleite:


O Quase


Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.


É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.


Quem quase ganhou ainda joga,

quem quase passou ainda estuda,

quem quase morreu está vivo,

quem quase amou, não amou.


Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.


Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.


A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.


A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.


Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.


Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.


O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.


Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.


Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.


De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.


Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.


Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.


Desconfie do destino e acredite em você.


Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo,


quem quase vive, morreu.


Sarah Westphal


Conclusão que tiro: se jogue!!!

sábado, 19 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Memórias - Boa Viagem e Mário Quintana

Foto: Clélio Tomaz



Bem, os poeminhas que se seguem são fruto de uma noite virada em Boa Viagem (Recife), enquanto eu escrevia o projeto e o Estatuto do Diretório de Relações Públicas da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Depois de queimar a "mufa" durante toda a madrugada, resolvi pegar um livro do Quintana e assistir ao sol nascer na praia. Então, assim comecei aquele dia 24 de Março de 1999:

"Agora...
agora vou à praia ler poesias...
Depois...
bem...
depois volto e me preocupo com heresias"

BV -Madrugadinha...

Daí, depois de ler alguns deliciosos versos do mestre Mário, sentado numa jangada à beira do Mar e assitindo ao sol nascente, escrevi:

"Pegadas na areia
Pegadas de sereia
Pegadas de sereia?
Pegadas na areia!"

Pois, continuei a ler mais poeminhas e depois fui ao supermercado Bompreço na avenida Conselheiro Aguiar e quando entrava vi uma das muitas prostitutas que faziam ponto na esquina da minha Rua em Boa Viagem (para quem não sabe, Boa Viagem é canteiro das misérias humanas quanto a prostituição infantil e humana de toda sorte. Lugar lindo, têm em cada de suas esquinas entre 5 a 10 pessoas vendendo seus corpos de forma mais que degradante. Na minha esquina mesmo eram as mesma meninas que se prostituiam...muitas sem peito, sem mesmo serem mulheres...), pois essa, cujo "nome" era Angélica - nada mais sugestivo - estava saíndo do supermercado com duas sacolas: uma com três latas de leite em pó; e, noutra, pacotes de fraldas infantis...então escrevi:

"Depois de uma noite de trabalho
Vai ela triunfante pela manhã...
...dormir o dia!"

Pois, ontem peguei meu livrinho do Mário Quintana...
Ontem vi quanto Quintana tenho nos espaços-tempos da vida...
Espaço-tempo de Recife, louca e amada cidade...
No tempo-espaço da vida que tenho um tanto de Quintana e algumas historinhas para contar...

Vou aproveitar e visitar Neruda...rs...sabe lá o que esse me reserva...rs...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Poesia - Nascimento

Arquivo pessoal

Nascimento

Te pari ao contrário

Pois de ti saí e rasguei os pulmões em choro pela vida concebida

E noutro rasgo as lágrimas foram da tua vida partida


Das lembranças nossas

Teu aniversário será sempre memorável

Pelas cestas de café da manhã, dos jantares com amigos

Dos abraços que nos demos, dos beijos

Para celebrar teu dia...de chegada à terra!


Nesse teu último aniversário

Celebrei com tua mãe

Sem nada dizer sobre ti

E com ela a vida

Um prato de sopa, un poquito de pan, mantequilla...

E com ela

A família e a intimidade

De quem te antecede

De quem te descende

Reverenciando a ti

Com alegria


Pois nesse seu aniversário... Mãe

Celebrei teu dia com a vida que me destes no seio de tua origem...

...e agradecido...


te amo!

Artigo - Utopia

Imagem: Will Eisnen



Utopia

Uma amiga (Liliane, via Orkut) me havia sugerido escrever sobre o espírito da Copa do Mundo e como isso comove as pessoas e as coloca em espírito mais global, de maior integração e vizualização com o mundo. De fato, distante disso, já havia pensado escrever algo acerca da seleção e a relação do brasileiro com o poder e assim respondi para minha amiga que faria.

Ocorre que no último final de semana nem um sopro de inspiração me havia ocorrido com esse tema. Temia parecer pedante, repetitivo e com pouco embasamento teórico acerca desse tema: poder, seleção e o brasileiro. Porém, algumas várias conversas e episódios se somaram e agora sinto um fio condutor acerca de uma importante reflexão sobre o tema e o universo do cenário ideal da existência, social e política do Brasil.

Pois bem, sábado sentei à mesa com Renato Onofre e sua companheira, Macele, e, no bate papo, conversamos sobre Raimundo Faoro e “Os donos do poder” (livro de grande importância para compreensão da formação do patronato político e econômico do Brasil). Nessa obra, o autor percorre desde a formação do Estado Português até as estruturas sedimentadas na República e no Estado Novo. Da soma dessa leitura com o clássico “Casa Grande e Senzala” (Sérgio Buarque de Holanda), uma idéia se formou em mim acerca da relação de nosso povo com o poder e os poderes constituídos: amor e ódio são elementos essenciais dessa relação!

O servil odeia a seu opressor mas quer, no fim das contas, ser opressor para sair da condição de oprimido, qual não houvesse outro caminho diferente de ser opressor. Na leitura de Raimundo Faoro fica clara a confusão entre o público e o privado, sendo os poderes do Estado confundidos como extensões da senzala (figura da leitura de Sérgio Buarque) e o exercício das funções públicas se confundem com a personalidade do executor, à margem da legalidade.

Na faculdade de Direito, certa vez, provoquei meus colegas acerca da real extensão de nossa capacidade em falar de "corrupção". Será não falamos de um comportamento, um traço cultural tão próprio e arraigado que já não pode mais ser considerado errado?

No Dicionário Michaellis se encontra assim:

cor.rup.ção -

sf (lat corruptione) 1 Ação ou efeito de corromper; decomposição, putrefação. 2 Depravação, desmoralização, devassidão. 3 Sedução. 4 Suborno. Var: corrução. Ora, ao se vangloriar do jeitinho brasileiro, da lei de Gerson em ditados como: farinha pouca meu pirão primeiro; faça o que digo não faça o que faço...não seriam valores instituídos, traços aceitos e assimilados em nosso povo? Que moral é essa contra a qual se atenta? Que devassidão é essa que nos assola? Onde estão nossos guardiões e quem são eles, afinal?!?

Essa continua sendo uma provação que promovo aos meus alunos...

Algumas pesquisas apontam a confusão esquizofrênica que os brasileiros promovem acerca do tema poder e corrupção. Numa delas, realizadas no ano passado (2009) e publicada no Folha de S.Paulo [4/10/2009 - pesquisa do Datafolha feita em todo o país], trouxe alguns números que reforçam esse questionamento: 13% dos brasileiros admitem já ter trocado seu voto por dinheiro, emprego ou presente (17 milhões de brasileiros!); 79% afirmam que os brasileiros vendem voto; 33% dizem que não é possível fazer política sem um pouco de corrupção (como assim "um pouco de corrupção"...alguém já ouviu falar em "meio-corrupto?"); 68% já compraram produtos piratas; 36% pagaram propina alguma vez; e, inacreditavelmente esquizóide é a constatação de que 83% admitem pelo menos uma prática ilegítima enquanto 74% dizem que sempre respeitam as leis, mesmo se perderem chances... como assim?!?

Noutra ponta, o brasileiro reclama da falta de segurança, quer mais polícia na rua mas não confia em suas forças policiais! A mais, em 2007, segundo Datafolha, 55% dos brasileiros eram a favor da pena de morte, porém o nível de crédito aos policiais e ao judiciário não ultrapassava 50% (também em pesquisa Datafolha).

O interessante é perceber que discursarmos uma moral que aparentemente não acreditamos ter, ao mesmo passo que apontamos o erro dos outros e não queremos sejamos flagrados nos nossos! Incrível.

Ainda hoje tive o prazer de conversar com a eterna professora e amiga Beatriz Vieira (por engano ao tentar falar com uma cliente de nome Bia) e bem me lembro de uma de suas aulas, na qual ela tratou do senso de justiça e do ideal de paraíso humano.

Desse último ela apontou para o fato de que sempre que quando a humanidade se destina ao excesso de religiosidade (essa desvinculada à experiência transcendente) é por abdicar da realização do paraíso na terra, abdicar da capacidade de construirmos um mundo solidário, justo e capaz de satisfazer a felicidade tão sonhada, qual no paraíso.

Sobre o senso de justiça, contou fábulas de Nasrudin (sábio sufi que provavelmente habitara a península ibérica durante a ocupação moura). Numa delas, indagado por um juiz se preferia o dinheiro ou a justiça, Nasrudin responde prefere o dinheiro e indignado o juiz lhe passa um sermão acerca da necessidade de justiça, o quanto esta permite a vida em sociedade e Nasrudin, após concordar, lhe sentecia “cada um procura aquilo que lhe falta!”. Noutra, a Nasrudin é pedido que distribua certa quantidade de nozes entre alguns meninos à beira da estrada e a eles pergunta: “na divisão dos homens ou na divisão de Deus?”; e, de pronto, os meninos respondem “na divisão de Deus!”, assim, Nasrudin entrega 1 noz para um dos meninos, 7 para outro, 4 para um terceiro e nenhuma para o último...as crianças, atônitas, indagam: “como assim?”; e Nasrudin pergunta: “Qual divisão pedistes?”; os meninos respondem: “a divisão de Deus!”; Nasrudin então elucida: “pois bem, Deus proporcionou a natureza assim: uns nascem onde têm algum, outros nascem onde tem muito, outros onde tem o suficiente e outros onde não tem nada!”...pois o senso de justiça é uma construção e compreensão humana, entre humanos!

Nessa colcha de retalhos de inspirações para esse texto, ainda hoje conversava com Renata Bandeira de Mello, amiga psicóloga, com quem dividia a percepção de que as pessoas estão pouco apaixonadas pelo Brasil nesta Copa do Mundo e que, definitivamente é necessário descompatibilizar o calendário das eleições com a Copa do Mundo: temos muito o que transformar e discutir sobre nosso país e perdemos muito tempo preocupados com a escalação da seleção (leia-se preocupados como: empurrados goela abaixo pelas pautas jornalísticas). Nessa conversa me esclareceu a necessidade da escrita desse texto com tal reflexão: poder, seleção e o brasileiro.

Em nossa cultura comumente se escuta: religião, política e futebol não se discutem! Sempre que escuto isso me perguto: então discutiremos o quê?

Acredito temos a má educação de desacreditar as discussões, os debates e desdenhar daqueles que os promovem. Nesse sentido, e por essa cultura de aceitação passiva, se conforta o brasileiro de abster-se e participar dos espaços de decisões políticas e sociais (conselhos municipais de educação, saúde, segurança, criança e adolescente, cultura, etc.) como forma de defesa de quem diz: "eu" até faço errado, mas como assim "eu" sou responsável pela zona que aí está? Eu corrupto(or)? "A culpa é deles!" ...eles sempre, eles os outros, eles os alienígenas! No paralelo com a simbologia da seleção: não posso dirigir o time então só me resta torcer quando começar a dar certo, enquanto não der "eu" a nego!

Volto a lembrar a pesquisa acima: 83% admitem pelo menos uma prática ilegítima enquanto 74% dizem que sempre respeitam as leis, mesmo se perderem chances...ou seja...somos esquizóides ou temos um total de 154% de pessoas nesse país?

Daí então chego ao cenário último de conversas com a qual me inspira esse texto, pelo msn converso com Juliana Kunzel e falamos sobre utopias e a importância das mesmas acerca da existência humana. Filóloga que é, Juliana questiona, mesmo indiretamente, o valor dessa palavra e aí novamente encaro o fato de perdermos significados tão importantes pela falta de culto ao nosso linguajar, de culto ao tempo dos significados e construção de valores necessários e reais aqui na terra, entre seres humanos, por meio das discussões e debates, dos exercícios mentais de significados..

.

Exemplo: "sacrifício ordinário" parece algo ruim e depreciativo e, no entanto, em sua origem significa o “sacro oficio de todo dia”, aquilo que laboramos a caminho da redenção!

Lembro então da leitura de Barthes em uma aula inaugural (a obra é intitulada “A Aula”) que li enquanto ia a então namorada em Campinas. Nesse livro pequeno (cento e poucas páginas) Barthes discorre acerca do impacto de significâncias que as palavras promovem e, me lembrarei sempre, quando ouvi um Bombeiro que ia para o trabalho dizer que ia para o “serviço” arrepiei! Eita...o valor da palavra, o serviçal, o oprimido travestido de autoridade querendo ser opressor...indignei!

Assim, resumo assim: todos os dias luto pelo desenho de um tempo possível quando estaremos acostumados e nos interessaremos pelas coisas comuns como nossas e importantes a todos; assumiremos nossos espaços de participação cidadã e democrática e nos responsabilizaremos por nossas escolhas, assim como deveremos nos responsabilizar por nossos representantes; um tempo no qual reconheceremos a importância da diferença para a construção do consenso e perseguiremos a Utopia de tempos cada vez melhores e mais harmoniosos, fazendo aqui na terra o paraíso conquistado, o sonho realizado e, cada qual com sua cota de responsabilidade e deleite, serermos torcedores apaixonado de todas as realizações, sem desacreditar o técnico, a seleção ou quem esteja em comando, pois esse, utopia última, será o mais puro reflexo da vontade e comunhão coletiva.

Trabalhador não é servo, é senhor da força de trabalho.

Discussão não é desentendimento, é caminho para o consenso.

Utopia não é quimera, é sonho que se persegue!


Eu prefiro discutir religião, política e futebol...


...alguém?