terça-feira, 25 de maio de 2010

Poesia - Para o amigo morto

Poema para o amigo morto!

Tomamos muitas cervejas juntos

E juntos conjuramos o mundo

Na crença da amizade grisalha a contar causos

Compusemos juntos

Numa noite fria, na praça vazia

E alertarmos o mundo das causas perdidas

Juntos provocamos e provocávamos

Sabedores que a vida não é mais que provocação

E libertar-se é permitir a provocação com a grandeza de espírito...

...de que nada atinge a amizade!

Tomamos muitas cervejas juntos

E, entre copos e balcões, provocamos os outros

Provocamos roda de samba, de poesia e muitas outras alegrias

Cantamos juntos

Para o bailar de uma vida mais leve

Na divisão de todos os pesares e agruras sofridas

Pois juntos dividíamos

A certeza que o amigo ao lado seria confidência

E apoio crítico, construtivo, na consciência...

...de que nada atinge a amizade!

Daí, amigo morto, vem a vida maior que os conceitos

As crenças, as ilusões e as esperanças

Se revela, assim, a face após a carapaça, ao amigo tolo e fiel

Soa então outra nota de uma música nova

Antes inimaginável de drama e desconhecimento

Que ninguém escuta, além da cadeira vazia do amigo ausente

E mostra a vida sua face da morte

Que retira do mundo a presença

Mesmo sendo presença no mundo...

...de amizade que se viveu outrora!

E agora, errante no mundo

És um amigo morto, perdido na história

O desconhecido que acena do outro lado da rua


...e perambula feito alma penada...

...da amizade que se viveu outrora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário