Poema para o amigo morto!
Tomamos muitas cervejas juntos
E juntos conjuramos o mundo
Na crença da amizade grisalha a contar causos
Compusemos juntos
Numa noite fria, na praça vazia
E alertarmos o mundo das causas perdidas
Juntos provocamos e provocávamos
Sabedores que a vida não é mais que provocação
E libertar-se é permitir a provocação com a grandeza de espírito...
...de que nada atinge a amizade!
Tomamos muitas cervejas juntos
E, entre copos e balcões, provocamos os outros
Provocamos roda de samba, de poesia e muitas outras alegrias
Cantamos juntos
Para o bailar de uma vida mais leve
Na divisão de todos os pesares e agruras sofridas
Pois juntos dividíamos
A certeza que o amigo ao lado seria confidência
E apoio crítico, construtivo, na consciência...
...de que nada atinge a amizade!
Daí, amigo morto, vem a vida maior que os conceitos
As crenças, as ilusões e as esperanças
Se revela, assim, a face após a carapaça, ao amigo tolo e fiel
Soa então outra nota de uma música nova
Antes inimaginável de drama e desconhecimento
Que ninguém escuta, além da cadeira vazia do amigo ausente
E mostra a vida sua face da morte
Que retira do mundo a presença
Mesmo sendo presença no mundo...
...de amizade que se viveu outrora!
E agora, errante no mundo
És um amigo morto, perdido na história
O desconhecido que acena do outro lado da rua
...e perambula feito alma penada...
...da amizade que se viveu outrora!
Nenhum comentário:
Postar um comentário